Nem sempre a prótese de silicone pode resultar em sucesso. Isso porque não depende apenas de uma cirurgia bem feita, mas de como o corpo vai reagir ao implante mamário, considerado um corpo estranho pelo organismo, e que pode sofrer reações, inclusive do sistema imunológico.
Explico abaixo quando é necessário fazer a retirada do implante mamário. Além da contratura capsular, que é mais conhecida, o implante de silicone pode causar doenças autoimunes e até linfoma.
Quais são os sinais de que o corpo não está aceitando o implante mamário?
Os sintomas podem variar muito para cada indivíduo, algumas patologias estão relacionadas diretamente com a prótese e podem gerar dor, aumento do volume e endurecimento local, mas no caso de doenças sistêmicas podem ser muito genéricos como: fadiga, disfunção cognitiva (perda de memória), dores musculares, dores nas articulações, queda de cabelo, pele seca, infecções recorrentes, problemas gastrointestinais e digestivos, erupções cutâneas, ansiedade e alterações hormonais.
É verdade que a reação à prótese pode causar doenças autoimunes?
É raro, mas pode acontecer. Da mesma forma que o implante mamário induz a formação de uma cápsula, que é uma reação normal a um material estranho ao organismo, e esperado. Esse estímulo pode ser mais intenso, na mama, a cápsula pode ficar endurecida, dolorosa, aumentar de tamanho e até formar uma coleção seroma.
Esse estímulo também pode ser sistêmico, causando um desbalanço no sistema imunológico, servindo de gatilho para o desenvolvimento de doenças autoimunes como a Síndrome ASIA (Auto-inflammatory Syndrome Induced by Adjuvants) que tem entre os sintomas mialgia, artrite, fadiga crônica e distúrbios do sono.
Embora seja raríssimo, implante mamário também pode causar Linfoma Anaplásico de Células Gigantes (ALCL).
Qual o primeiro passo quando é identificado que o organismo está reagindo à prótese?
Nesses casos a conduta geralmente é a retirada do implante de silicone com a cápsula, mas é importante uma investigação minuciosa com especialista. Além disso, o material retirado em cirurgia deverá ir para análise histopatológica para definição diagnóstica.
*Dr. Fernando Amato é médico cirurgião plástico, membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).