Deformidades congênitas da orelha são aquelas que aparecem no nascimento e podem ser relativamente comuns. Pequenos detalhes ou assimetrias, e é claro que existem diferentes graus, até podem até passar despercebidas.
Há casos em que o bebê nasce sem orelha (anotia), o que é extremamente raro, ou com apenas vestígios de orelha em diferentes graus chamado de microtia.
Uma das alterações mais comuns é a orelha de abano, quando existe um maior distanciamento da orelha em relação a cabeça, além de um apagamento do formato da antélice (a dobra interna da orelha que tem um formato em y).
Existem outros tipos de deformidades menos frequentes decorrentes do desenvolvimento parcial ou insuficiente como: orelha constricta, em que ela fica dobrada e fechada (no formato parecido com uma concha) e a criptotia, em que a orelha fica escondida na pele.
É importante que os pais investiguem, já que deformidades na orelha podem estar relacionadas a doenças e síndromes, e até ao comprometimento da audição.
Apenas o modo de como a criança fica posicionada no útero (durante a gestação) e durante o parto já é possível ser a causa de algumas deformidades, mas não é incomum o bebê nascer todo amassadinho e a orelha ir se ajustando aos poucos.
Nos primeiros dias e semanas de vida, principalmente por influência dos hormônios maternos, a cartilagem ainda é moldável, o que permite alguns tratamentos conservadores. É possível fazer moldes com uso de algodão e fita adesiva (ex: micropore) que podem auxiliar na moldagem da orelha. Também existe um molde pronto de silicone com essa finalidade.
A orelha termina o seu desenvolvimento em torno dos sete anos de vida, o que permite a cirurgia precoce em pequenas alterações significativas como na orelha de abano. Há quem prefira realizar a otoplastia em torno dos cinco anos, antes da idade escolar, para evitar o constrangimento social por bullying.
Deformidades mais significativas podem precisar de algumas etapas cirúrgicas para reconstrução de toda a orelha. Em todos tratamentos cirúrgicos propostos é importante trazer a criança para participar e interagir nas decisões. A participação dela nessa fase pode ser fundamental para ter um bom pós-operatório.
*Dr. Fernando Amato é médico cirurgião plástico, membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).