Entre 2020 e 2022, estima-se que serão diagnosticados mais de 66 mil novos casos de câncer de mama no Brasil, segundos dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Isso representa um risco em torno de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
Dependendo do estadiamento da doença (determinado pelo tamanho da lesão, localização, comprometimento de linfonodos e presença de metástase), a mastectomia (retirada da mama) pode ser indicada e é nesse momento que a reconstrução mamária pode fazer a diferença para o resgate da autoestima e confiança feminina, contribuindo muito até mesmo para o fortalecimento da batalha contra a doença.
Antes de tudo, é preciso analisar o tratamento oncológico proposto, já que nem sempre a reconstrução da mama com prótese de silicone pode ser realizada de imediato, principalmente nos em casos em que se retira muita pele ou mesmo precedem um tratamento complementar com radioterapia.
Se durante a mastectomia for necessária a retirada de uma quantidade maior de pele, é preciso que a paciente use um expansor mamário, espécie de uma bexiga de silicone que é colocada durante a cirurgia de mastectomia debaixo do músculo peitoral para que, depois de cicatrizada a cirurgia, seja realizado o enchimento com soro fisiológico, durante os retornos ambulatoriais, até se atingir o volume desejado. Esse processo permite que a pele ganhe uma elasticidade para – então – ser possível realizar uma cirurgia para trocar o expansor por uma prótese de silicone.
Resultado da Mastectomia – Diferente de uma cirurgia estética, a mama reconstruída tem características distintas. Os mamilos, por exemplo, muitas vezes, precisam ser refeitos. A mama reconstruída não terá a mesma aparência da mama saudável, já que pode ficar com cicatrizes e mais endurecida.
Sempre oriento as minhas pacientes a irem acompanhadas à consulta para conversar sobre a reconstrução mamária. Outra indicação que passo é a buscar auxílio psicológico para compreender o momento. A notícia e o tratamento da doença, muitas vezes, deixam a pessoa com certos bloqueios de compreensão das técnicas que podem ser utilizadas na cirurgia.
É um direito da mulher ter sua mama reconstruída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos planos de saúde no Brasil, assim como a cirurgia plástica da mama oposta para simetrização e harmonização. A reconstrução, imediata ou tardia, deve ser individualizada, respeitando tanto o desejo da paciente, como as condições clínicas e tratamento que será submetida.
A Dra. Priscila Beatriz Oliveros dos Santos, mastologista da minha equipe e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, orienta a paciente a conhecer todas as opções de reconstrução que podem ser realizadas e a confiar na equipe que está cuidando da saúde da paciente. E é sempre bom ressaltar que a mamografia é essencial para o diagnóstico precoce. Por isso, não deixe de realizá-la, já que este exame pode diminuir a mortalidade em até 30%, quando feito periodicamente.
*Dr. Fernando Amato é médico cirurgião plástico, membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).